O meu livro
Amante da Literatura
Patrícia Cavaco tem 35 anos e adora ler. Tem um blog (https://www.ler-por-ai.blogspot.pt) e sempre que pode ou termina um livro partilha com os seus leitores a sua opinião e o que sentiu ao ler o mesmo. Patrícia Cavaco não escreve apenas sobre livros lidos ou que irá ler, escreve sobre tudo o que está relacionado com livros.
Para nós, não importa apenas o livro e o autor. Importa também o leitor, e por isso, tentamos passar o seu testemunho para que todos possamos saber, aprender e ler mais. Assim, foi proposto à Patrícia Cavaco que recomendasse dez livros para ler e porquê:
"Tinha 12 anos quando “surripei” um livro da estante da minha prima. Tinham-me dito que ainda não era para a minha idade mas como o “fruto proibido é o mais apetecido” li na mesma. E marcou-me. Reli vezes sem conta. Aprendi o suficiente para saber que não queria aquela vida para mim. E falo claro do "Os filhos da droga", de Christiane F.
Esta mesma prima, quando eu tinha 17 anos e estava no 12º ano passou-me para as mãos os quatro volumes do “As brumas de Avalon”, de Marion Zimmer Bradley porque “era uma vergonha não conhecer a história do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda”. Apaixonei-me e quase não dormi durante uma semana para acabar de ler. A Marion tornou-se a minha escritora preferida.
E como adoro livros, gosto de livros sobre livros. É impossível resistir ao cemitério dos livros esquecidos do “A sombra do vento” do espanhol Carlos Ruiz Sáfon
7 livros com quase 1000 páginas cada, compõem a série "O Primeiro Homem de Roma" (ou Os Senhores de Roma), da minha querida Colleen McCullough. O melhor romance histórico que já li. Depois de ler este livro a Cleópatra deixou de ter a “cara” da Elizabeth Taylor e o Júlio César deixou de ser o papão de Asterix.
Já era adulta quando li estes livros. Mas adoro-os na mesma. Li todos, de fio a pavio, vi os filmes e sei que um dia serão clássicos da literatura. Só podia ser o Harry Potter, de J.K Rowling,
E como sou Portuguesa e gosto dos nossos escritores, da nossa literatura, das nossas palavras sugiro três fantásticos livros de autores Portugueses: "A máquina de fazer espanhóis", de Valter Hugo Mãe (o homem que consegue ter um dos meus livros preferidos e alguns dos meus livros mais detestados), "Pássaros de Seda", de Rosa Lobato de Faria (a minha escritora mais querida, aquela que leio quando preciso de ler algo que me faça bem à alma) e "Para onde vão os guarda-chuvas", de Afonso Cruz (o homem dos sete ofícios que escreve maravilhosamente bem). Três nomes incontornáveis da nossa literatura.
E depois dois grandes nomes da literatura mundial contemporânea: Chimamanda Ngozi Adichie, com o fabuloso "Meio Sol Amarelo" e Haruki Murakami por quem me apaixonei com o "1Q84"."
40 X Abril
UM BANHO DE ABRIL
RUI PORTULEZ, do Prefácio.
40 Anos de 25 de Abril, como comemorá-los?
Há quem pense em encher chaimites com cravos ou enfeitar a assembleia da república com laçarotes de retórica vazia e demagogia panfletária. Nós pensamos que a palavra de ordem “25 de Abril sempre!” continua a fazer sentido. E, já agora, “Fascismo nunca mais!” também.
Por isso, achámos que seria necessário comemorar Abril com dignidade, de forma marcante e perene, e de imediato
escolhemos como bandeira os ideais da revolução portuguesa, mergulhando de cabeça no nosso país de poetas, e não na areia. Ao invés de repetir os versos que deram alento ao povo e ajudaram a fazer cair o regime, optámos por actualizar os valores de Abril, sob o signo da Liberdade. Celebrando esse bem escasso. Liberdade ontológica, de expressão, de escolha, de pensamento. A liberdade que vai passando por aqui, mas cujo caudal tantas vezes não passa de um fio de água, constrangida e ainda por cima ameaçada de privatização...
Por isso, convidámos 20 poetas e 20 ilustradores para que nos dessem um banho de Abril. Para que lavassem os restos do país salazarento, transformassem o pântano num mar bravo de ideias, fizessem muitas ondas, saltassem as margens da apatia e acabassem de vez com a seca do respeitinho, dos braços caídos, do nada a fazer. Que eles ensinassem ou relembrassem a nadar, para apanhar a maré alta que queremos que se levante.
Foi este o resultado. E agora, ouvindo a música de José Mário Branco como inspiração maior, “troquemos-lhes as voltas, que ainda o dia é uma criança!”
ILUSTRAÇÕES | POESIA |
Ana Biscaia André Carrilho Afonso Cruz João Fazenda Alex Gozblau António Jorge Gonçalves Luís Lázaro André Lemos André Letria André da Loba João Maio Pinto Luis Manuel Gaspar Tiago Manuel Mariana, a miserável Rui Rasquinho Cristina Sampaio Manuel San Payo Nuno Saraiva Gonçalo Viana Pedro Zamith |
Maria Quintans Margarida Vale de Gato Helder Moura Pereira Raquel Nobre Guerra Carlos Alberto Machado Catarina Nunes de Almeida Filipa Leal António Poppe Luís Quintais Miguel-Manso Fernando Luís Sampaio Regina Guimarães Paulo José Miranda Manuela de Freitas Vasco Gato Inês Fonseca Santos Joana Emídio Marques António Cabrita Nuno Brito Miguel Cardoso |
Sherlock Holmes
Vou confessar que foi difícil escolher um único livro pra falar sobre. Pensei em homenagear a literatura brasileira e falar um pouco de Machado de Assis. Mas aí não consegui decidir entre Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Eu não sabia se falava sobre como os olhos de ressaca de Capitu e o ciúme doentio que Bentinho sentia da mulher amada me prenderam até o final do livro ou se falava sobre o fato de não saber se Capitu fora infiel ou não ser uma das maiores frustrações da minha vida de leitora. Não sabia se deveria esquecer essa (quase que) segunda versão de Otelo e Desdêmona e me voltar ao defunto autor. Talvez fosse mais interessante e parecesse mais cult falar sobre Brás Cubas e sobre como a metáfora da onça e do novilho realmente diz a verdade sobre as nossas relações sociais.
No fim, decidi por não tratar de nenhum dos dois simplesmente por não me achar digna e capaz de comentar nenhuma das obras de um dos maiores expoentes da literatura do meu país. E voltei à estaca zero. Parti por outro caminho, então. Tentei recordar-me de livros que me divertiram, que me fizeram descobrir o amor pela leitura. Nesse momento, lembrei-me de como eu era e ainda sou fascinada por literatura policial, como a curiosidade sempre me fazia querer ler mais e mais livros de mistério, de suspense, de detetetives ... DETETIVES ! Como podia ter me esquecido de uma das minhas grandes paixões?!
O grande Sherlock Holmes. Pode parecer que estou romantizando, mas eu realmente me lembro da primeira vez que li um dos contos em que Sherlock aparece. Fiquei fascinada, curiosa, impressionada com as habilidades do único detetive consultor do mundo. “Como é possível uma pessoa ser tão brilhante e ao mesmo tempo tão arrogante? Como ele consegue deduzir tudo isso apenas observando?”, eu pensava. Eu tinha por volta dos meus 8 anos e os contos de Sir Arthur Conan Doyle sobre Holmes foram minha grande descoberta. Anos se passaram, as leituras obrigatórias da escola me impediam de ler toda sua obra. Eis que hoje, no auge dos meus 20 anos, ainda não li todos os contos e romances de Sherlock Holmes. Talvez porque eu tenha medo de acabá-la e me sentir vazia (vocês conhecem essa sensação, eu sei que sim). Ou porque eu tive outras paixões literárias durante esses anos que ocuparam meu tempo livre.De qualquer forma, eu deveria falar sobre um livro que eu gosto. Entretanto, quando se trata de Sherlock Holmes, não tem como escolher apenas um. Só me resta generalizar.
Os contos e romances que relatam as aventuras de Holmes e seu fiel amigo Dr. Watson me encantaram porque me instigavam a seguir a mesma linha de raciocínio que Sherlock seguia, me faziam curiosa pela conclusão do mistério e me conquistaram pela amizade entre dois homens tão diferentes e ao mesmo tempo tão complementares. A lógica dedutiva, o método científico, as aventuras, os crimes, tudo me prendia aos livros. De repente, me vi mais atenta aos detalhes de tudo que me cercava, tentando fazer pequenas deduções, observando e analisando pessoas, comportamentos ... Confesso que esse costume continua até hoje. Sherlock me fez ver que nos pequenos detalhes se encontram as grandes verdades, que as pequenas coisas são infinitamente mais importantes, e que “não há nada mais enganoso do que um fato óbvio”. Fez-me notar que apesar da capacidade humana de fingir, esconder, nossos trejeitos, olhar, postura e até mesmo a manga de nossas camisas podem ‘’dizer’’ a verdade por nós. Acima de tudo, me fez perceber que manter a mente ativa e atenta ao mundo ao nosso redor pode mudar nossa visão de mundo e é capaz de trazer grandes descobertas. É como o próprio Holmes diz: nós vemos, mas não observamos. E há uma distinção clara nisso.
Não acredita que algumas histórias de um detetive do século XIX pode ter esse efeito? Se você conhece os métodos dele, aplique-os e você mesmo poderá comprovar. Óbvio, não? Eu diria até que é elementar ...
VERONIKA DECIDE MORRER
Veronika Decide Morrer é um dos livros que recomendamos. Parece até que é um livro obrigatório para quem gosta de ler, ou queira conhecer uma das grandes obras do escritor de língua portuguesa, Paulo Coelho.
Lançado em 1998, este livro vem contar-nos a estória de uma jovem eslovena chamada Veronika que, aos 24 anos vividos da sua vida, decide morrer. E para isso toma uma dose de medicamentos que, supostamente, deveriam pôr término à sua vida. A jovem teve essa atitude pois pensava que já tinha vivido todas as boas experiências de uma vida e que ao vivê-las, pouco ou nada sentia. Tomada a dose mortal de comprimidos e de ter entrado em coma, esta acorda numa clínica psiquiátrica. A tentativa de suicídio não teve sucesso imediato mas, ao ser atendida por Dr. Blake, foi informada de que não lhe restaria mais de uma semana de vida, devido à lesão que os comprimidos surtiram no coração. Sem esperança, Veronika conhece, na clínica, o jovem Eduard, um esquizofrénico que teve um surto psicótico ao culpar-se da morte da sua noiva, anos antes num acidente de automóvel. Estes dois vivem juntos experiências novas e interessantes, mas tanto Veronilka como Eduard têm plena consciência de que Veronika tem apenas uma semana de vida.
Paulo Coelho baseou-se numa experiência vivida por si quando com 17 anos de idade também foi internado numa clínica psiquiátrica. No entanto este confessa que o livro não se trata de uma biografia e que o livro tem como objetivo que o leitor pense não só no rumo para o futuro de cada um, como o modo que se vive o momento.
E você como viveria a sua vida, se soubesse que ela acabaria de um momento para o outro dentro de 8 dias???
VERGONHA DOS PÉS
"Vergonha dos pés" é uma das obras de Fernanda Young, uma das mais importantes autoras brasileiras. Fernanda Young é considerada por algumas pessoas como uma autora que escreve sobre o mundo feminino, entretanto a autora afirma que não escreve apenas sobre o universo feminino, sendo Romance o género que podemos encontrar nas suas obras.
Fernanda Maria Young de Carvalho Machado nasceu no Brasil na cidade de Niterói, 1 de maio de 1970 é uma escritora, atriz, roteirista e apresentadora de televisão brasileira. A autora é conhecida não apenas pelos seus trabalhos feitos, mas também pela sua personalidade forte.
Segundo Fernanda Young, desde criança ela já sabia que seria escritora, e conta em algumas entrevistas, que antes mesmo de aprender escrever ela já era uma escritora. Construía suas historias e as guardava mentalmente, passando para o papel apenas depois que aprendeu a escrever. Publicou o seu primeiro livro em 1996, sendo este “Vergonha dos Pés”.
Solitária, lírica, imprevisível. Ana, a personagem central desse livro, alimenta o sonho de ser escritora. Ela cria histórias fantásticas, imagina tramas sórdidas, elabora diálogos. Mas tudo se passa somente em sua cabeça. Suas histórias jamais chegam ao papel.
"Vergonha dos pés" é uma atordoante viagem aos pensamentos de Ana. Os encontros com Jaime, a paixão fulminante entre os dois, o tédio que lhe provoca a vida universitária aparecem entremeados aos personagens que existem somente em sua imaginação, vivendo emoções extremadas, não muito diferentes das da própria Ana.