Autor da semana

Hunter S. Thompson

 

    Conhecido pela escrita alucinada e extravagante, Hunter S. Thompson foi o criador do Gonzo Journalism, um estilo de jornalismo que mistura ficção e não-ficção e que integra o autor nas histórias que relata, deixando que sujeito e autor se confundam na narrativa. A sua obra mais conhecida é «Fear and Loathing in Las Vegas».

Hunter Stockton Thompson nasceu em Louisville, no Kentuchy, a 18 de Julho de 1937. Filho de pais alcoólicos, Hunter perdeu o pai aos 15 anos e tornou-se num adolescente problemático. Em 1956 foi preso e condenado por roubo. Antes de ser preso já tinha descoberto o interesse pela escrita e percebido que no futuro poderia ser escritor.

Como parte da pena, Hunter Thompson foi alistado na Força Aérea. Depois do período de formação, Hunter procurou que o colocassem em funções relacionadas com a escrita e conseguiu um lugar no jornal da base onde estava colocado. Leu alguns livros sobre jornalismo e começou a escrever. Duas semanas depois, já tinha conquistado o respeito dos seus superiores hierárquicos e conseguiu alguns privilégios. No entanto, os assuntos que realmente lhe interessavam não podiam ser publicados num jornal com aquelas características, por isso, Hunter começou a escrever também num jornal local.

                            

Quando saiu da Força Aérea, Hunter S. Thompson procurou emprego como jornalista, pegou em alguns dos seus artigos e concorreu a um emprego no Sports Illustrated. O director riu-se dele, dizendo-lhe que os jornalistas que ali trabalhavam não eram escolhido pelos seus trabalhos, mas sim pelos jornais onde os tinham publicado, que eram todos repórteres premiados e que aquele não era o local indicado para ele começar.

    Hunter tinha acabado de entrar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e pouco depois conseguiu um emprego como copiador na revista Time. Foi despedido por insubordinação. De seguida, trabalhou num jornal local no interior do estado de Nova Iorque, mas também foi despedido.

    Em 1960, mudou-se para San Juan, em Porto Rico, para trabalhar numa revista desportiva chamada El Sportivo. A revista teve uma vida curta e Hunter S. Thompson começou a trabalhar como freelancer. Escreveu para diversas publicações até conseguir arranjar um emprego fixo no National Observer, como correspondente na América do Sul.

                               

    Quando regressou aos Estados Unidos, Thompson trabalhou como segurança e escreveu os seus dois primeiros romances: «Prince Jellyfish» e «The Rum Diary». Conheceu Sandra Dawn Conklin, com quem se casou, em 1963, e de quem teve um filho. Dois anos depois, Hunter S. Thompson conheceu alguns elementos dos Hell’s Angels; quando o editor da publicação The Nation lhe pediu um artigo sobre gangues de motociclistas, Thompson entusiasmou-se, ganhou a confiança do grupo, e conseguiu passar cerca de um ano com eles. O resultado foi o livro «Hell´s Angels», a sua obra de não-ficção mais bem sucedida, lançada em 1967.

    A partir da segunda metade dos anos 60, Thompson entrou num consumo desenfreado de drogas, sobretudo LSD e mescalina, sempre regado por grandes quantidades de álcool. Esse comportamento reflectiu-se no seu trabalho e deu origem àquilo que ficou conhecido como Gonzo Journalism. O primeiro artigo do género foi publicado em 1970 na revista Scanlan’s Monthly e tinha por título «The Kentucky Derby is Decadent and Depraved». Hunter devia escrever sobre uma corrida de cavalos, mas depois de passar quatro dias a beber, na altura de escrever o artigo, não sabia quem tinha ganho a corrida. Mesmo assim, conseguiu produzir um artigo muito crítico do estilo de vida da sociedade do sul dos Estados Unidos da América, deixando de lado a objectividade jornalística e aparecendo como sujeito da narrativa. Pouco depois, foi contratado pela revista Rolling Stone. O seu primeiro artigo foi sobre a sua própia campanha eleitoral para o lugar de xerife da cidade de Aspen. Entre outras propostas, Thompson defendia a descriminalização do uso de drogas na cidade. Perdeu por poucos votos.


                                

Em 1971 começou a publicar uma série de artigos na revista Rolling Stone que se viriam a tornar no seu maior sucesso: «Fear and Loathing in Las Vegas», uma verdadeira viagem ao coração selvagem do sonho americano que selou a reputação de Thompson como um escritor bem sucedido, que conseguiu diluir a linha que separa o jornalismo e a escrita de ficção.

    No ano seguinte, foi destacado para cobrir as eleições presidenciais americanas não se coibindo de criticar o candidato republicano, Richard Nixon, que viria a ser eleito presidente dos Estados Unidos da América. Publicou o livro «Fear and Loathing on the Campaign Trail 1972» que se tornou um clássico da sátira política.

Mais ou menos na mesma altura, Hunter S. Thompson passou a viver no seu rancho, Owl Farm, em Aspen, rodeado de armas, esculturas e livros. Continuou a escrever para diversos jornais e revistas e a criticar o estilo de vida americano. Figuras como Jimmy Carter, George McGovern e Keith Richards eram seus convidados habituais. Em 1991, foi ilibado de uma acusação de assédio sexual e posse de drogas, porque conseguiu provar que a polícia entrou ilegalmente na sua propriedade.

    Na década de 90, Thompson escreveu ocasionalmente para a Rolling Stone e lançou o romance «The Curse of Lono». Com o surgimento da Internet, passou a escrever uma coluna semanal sobre futebol americano para a página da cadeia de televisão ESPN. Em 2003 lançou o livro «Kingdom of Fear», onde critica duramente o então presidente George W. Bush.


                             

    No dia 20 de Fevereiro de 2005, Hunter S. Thompson suicidou-se com um tiro na cabeça. Deixou um bilhete onde dizia estar profundamente deprimido e sofrer de dores horríveis, por isso, preferia morrer com estilo. O seu corpo foi cremado e as suas cinzas foram espalhadas pelo ar, através de um disparo de canhão, colocado numa torre de cinquenta metros de altura, na sua propriedade.

    A cerimónia de despedida foi organizada pela sua mulher, Anita Thompson, e pelo actor Johnny Depp que interpretou as personagens criadas por Hunter S. Thompson, na adaptação ao cinema de «Fear and Loathing in Las Vegas» e «The Rum Diary».



 

 



 

 

Ernest Miller Hemingway

 

    Ernest Miller Hemingway (Oak Park, 21 de Julho 1899 - Ketchum, 2 de Julho 1961).

       Hemingway foi um escritor norte-americano.Hemingway fez parte da comunidade de escritores expatriados em Paris, conhecida como "geração perdida", nome inventado e popularizado por Gertrude Stein. Levando uma vida turbulenta, Hemingway casou quatro vezes, além de vários relacionamentos românticos. Em 1952 publica "O Velho e o Mar", com o qual ganhou o prémio Pulitzer (1953), considerada a sua obra-prima. Hemingway recebeu o Nobel de Literatura de 1954.

                                   

    A vida e a obra de Hemingway têm uma grande relação com a Espanha, país onde viveu por quatro anos. Uma breve passagem, mas marcante para um escritor americano que estabeleceu uma relação emotiva e ideológica com os espanhóis. Fascinado pelas touradas, a ponto de tornar-se um toureiro amador, transporta essa experiência para dois livros: O Sol Também Se Levanta (1926) e Por Quem os Sinos Dobram (1940).  Ao cobrir a Guerra Civil (1937) – como jornalista do North American Newspaper Alliance, não hesitou em se aliar às forças republicanas contra o fascismo.                                            Hemingway havia terminado o segundo grau em Oak Park e trabalhado como jornalista no Kansas City Star. Tentou alistar-se, mas foi preterido por ter um problema na visão. Decidido a ir à guerra, conseguiu uma vaga de motorista de ambulância na Cruz Vermelha. Na Itália, apaixonou-se pela enfermeira Agnes Von Kurowsky, sua inspiração na criação da heroína de Adeus às armas (1929) – a inglesa Catherine Barkley. Atingido por uma bomba, retornou para Oak Park.

                       

    Ao longo da vida do escritor, o tema suicídio aparece em escritos, cartas e conversas com muita frequência. Seu pai suicidou-se em 1929 por problemas de saúde (diabetes) e financeiro (havia perdido muito dinheiro em especulações na Flórida). Sua mãe, Grace, dona de casa e professora de canto e ópera, o atormentava com a sua personalidade dominadora. Ela enviou-lhe pelo correio a pistola com a qual o seu pai havia se matado. O escritor, atônito, não sabia se sua mãe estava querendo que ele repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança.                                                                                                                                         

   Aos 61 anos e muito doente (hipertensão, diabetes, arteriosclerose, depressão e perda de memória) Hemingway acabou com a própria vida, assim como fizera seu pai.A vida inteira jogou com a morte, até que, na manhã de 2 de julho de 1961, em Ketchum (Idaho), tomou do fuzil de caça e disparou contra si mesmo.

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